running é um desporto que, para além de promover a saúde cardiovascular e o bem-estar geral, se tornou para muitos de nós uma paixão e um modo de vida. No entanto, como qualquer atividade física, não está isenta de riscos. Hoje, na RUNNEA, queremos falar-vos de um dos menos conhecidos, mas potencialmente grave, que é a hiponatremia associada ao exercício, uma condição que ocorre quando os corredores ingerem demasiada água, diluindo os níveis de sódio no organismo. Não é nenhum disparate, por isso continue a ler para conhecer a ciência por detrás da hiponatremia, como preveni-la e dicas práticas para uma hidratação inteligente.
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Ir al recomendadorA hiponatremia é definida como uma diminuição da concentração de sódio no sangue para níveis inferiores a 135 milimoles por litro (mmol/L). Isto parece demasiado complexo. O sódio é um eletrólito essencial que ajuda a regular a quantidade de água dentro e à volta das células. Quando os níveis de sódio baixam devido à ingestão excessiva de líquidos, as células começam a inchar com o excesso de água, o que pode levar a sintomas que vão desde o inchaço e as náuseas até às convulsões e mesmo ao edema cerebral.
A hiponatremia associada ao exercício é um fenómeno que chamou recentemente a atenção da comunidade científica, especialmente no contexto de eventos de resistência. A fisiologia subjacente a esta condição é complexa e multifatorial, envolvendo tanto a dinâmica dos fluidos corporais como a resposta hormonal ao exercício prolongado.
Mecanismos fisiológicos
O sódio é crucial para manter o equilíbrio osmótico e a função neuromuscular. Durante o exercício, o corpo perde sódio e outros electrólitos através do suor. Normalmente, a sede e os mecanismos de conservação de sódio do rim são activados para manter a homeostase. No entanto, na hiponatremia induzida pelo exercício, a ingestão excessiva de água dilui a concentração de sódio no sangue e o rim, apesar dos seus mecanismos reguladores, não consegue excretar rapidamente o excesso de líquidos.
Hormona Antidiurética (ADH)
A hormona antidiurética, também conhecida como vasopressina, desempenha um papel crucial na regulação do balance fluidos. Durante o exercício, o corpo pode segregar ADH em excesso, o que reduz a excreção de urina e pode contribuir para a retenção de água, exacerbando a hiponatrémia se houver ingestão excessiva de líquidos.
Estudos clínicos e epidemiológicos
Há estudos que documentam casos de hiponatrémia em maratonas e outros eventos de resistência, mostrando que não é uma raridade. Por exemplo, um estudo publicado no New England Journal of Medicine concluiu que 13% dos participantes na Maratona de Boston apresentavam uma forma de hiponatremia no final da corrida. Outro estudo publicado noThe Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism salientou a importância da ADH no desenvolvimento da hiponatremia durante o exercício.
Factores de risco
Os factores de risco para o desenvolvimento de hiponatremia ocorrem tipicamente em exercícios com duração superior a quatro horas, baixas taxas de transpiração, condições climatéricas frias (que diminuem a sensação de sede e a taxa de transpiração) e a tendência para beber excessivamente devido ao medo da desidratação.
Implicações para a saúde
As consequências da hiponatrémia podem variar desde sintomas ligeiros, como inchaço e náuseas, até casos graves, incluindo edema cerebral, convulsões e, em casos raros, a morte. É importante que estejamos, pelo menos, cientes destes mecanismos para desenvolver estratégias de prevenção eficazes e para que os corredores estejam conscientes da importância de uma hidratação adequada.
Prevenção: Hidratação inteligente
A prevenção da hiponatrémia passa por uma hidratação equilibrada. Os corredores devem planear a ingestão de líquidos com base na perda individual de suor e nas necessidades de electrólitos. É essencial beber apenas quando se tem sede e não seguir o conselho bem-intencionado, mas potencialmente perigoso, de "beber antes de ter sede". Além disso, a utilização de bebidas desportivas com sódio pode ajudar a manter o equilíbrio de electrólitos, especialmente durante corridas mais longas ou em condições de calor extremo.
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