Exercício com tensão arterial elevada: Posso correr com a tensão arterial elevada? O que diz a ciência?

Gorka Cabañas
Jornalista e diretor de marketing e conteúdos RUNNEA
Publicado em 31-08-2023

A tensão arterial elevada é uma das doenças mais comuns no mundo moderno, afectando milhões de pessoas. Embora o exercício seja uma das formas mais eficazes de controlar a pressão arterial, surge a questão: é seguro correr se tiver pressão arterial elevada? Na RUNNEA, queremos explorar o que a ciência tem a dizer sobre o assunto e também oferecer directrizes sobre como pode correr em segurança se tiver uma tensão arterial ligeiramente elevada.

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O que é a tensão arterial elevada?

Em termos simples, a tensão arterial elevada é uma condição médica em que a força do fluxo sanguíneo contra as paredes das artérias é consistentemente demasiado elevada. É considerada um fator de risco para doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

Há algum tempo, a hipertensão era definida como uma pressão sistólica superior a 140 mmHg e uma pressão diastólica superior a 90 mmHg. No entanto, em 2017, o American College of Cardiology introduziu uma atualização destes critérios, estabelecendo novas directrizes para identificar a hipertensão.

  • Ter uma tensão arterial sistólica em repouso superior a 130 mmHg.
  • Ter uma tensão arterial diastólica em repouso superior a 80 mmHg.

O dilema da running e da hipertensão

A corrida é uma atividade física que tem muitos benefícios para a saúde cardiovascular. No entanto, quando se trata de hipertensão, a situação requer uma análise mais personalizada. Na RUNNEA já falámos sobre como baixar a pressão arterial através do exercício num artigo de Iker Muñoz, doutorado em Ciências da Atividade Física e do Desporto, e Mireia Peláez Puente, doutorada em Ciências da Atividade Física e do Desporto. As suas conclusões mostram que o exercício aeróbico moderado pode ser benéfico para as pessoas com hipertensão. Mas é fundamental ter em conta a intensidade e a duração do exercício para evitar possíveis riscos.

Por um lado, o exercício aeróbico, como a corrida, é amplamente reconhecido pelos seus benefícios cardiovasculares. De acordo com um estudo publicado no Journal of Hypertension, o exercício aeróbico regular pode reduzir significativamente a pressão arterial sistólica e diastólica em pessoas com hipertensão.

No entanto, o exercício intenso pode também provocar um aumento temporário da tensão arterial. Um estudo publicado no American Journal of Cardiology mostrou que as pessoas com hipertensão registaram um aumento mais significativo da tensão arterial durante o exercício de alta intensidade do que as pessoas com tensão arterial normal. Este aumento temporário pode ser perigoso se já tiver uma tensão arterial elevada, especialmente se a doença não for bem controlada com medicação ou alterações do estilo de vida.

  • Factores de risco associados: Um dos aspectos mais complexos deste dilema é que a hipertensão raramente surge isolada. Está frequentemente associada a outros factores de risco cardiovascular, como a obesidade, o colesterol elevado e a diabetes. Estes factores podem complicar ainda mais a relação entre a corrida e a hipertensão, tornando a prescrição de exercício mais sensível.
  • Variabilidade na resposta ao exercício: Além disso, nem todas as pessoas respondem ao exercício da mesma forma. De acordo com um estudo publicado no Journal of the American Heart Association, a resposta da tensão arterial ao exercício pode variar significativamente entre indivíduos. Algumas pessoas sentem uma diminuição significativa da tensão arterial depois de correr, enquanto outras podem sentir um aumento temporário.
  • Interação com medicamentos: É acrescentada outra camada de complexidade quando se consideram os medicamentos anti-hipertensores. Alguns medicamentos podem interagir com o exercício, alterando a sua eficácia ou causando efeitos secundários indesejáveis. Por exemplo, certos beta-bloqueadores podem limitar a capacidade de resposta do coração ao exercício intenso, o que pode tornar a corrida menos segura ou eficaz na redução da tensão arterial.
  • Considerações psicológicas: Não podemos ignorar o impacto psicológico da hipertensão na vontade de fazer exercício. O medo de sofrer um evento cardiovascular pode ser um obstáculo significativo. De acordo com um estudo publicado no Journal of Behavioral Medicine, este medo pode dissuadir as pessoas de participarem em actividades físicas, perpetuando um ciclo de inatividade que pode agravar a hipertensão.
  • A importância da personalização: Perante este quadro complexo, a personalização do regime de exercício é crucial. Iker Muñoz e Mireia Peláez Puente sublinham a importância de uma abordagem individualizada que tenha em conta todos estes factores. Isto pode envolver testes de esforço, monitorização regular e ajustamentos ao plano de tratamento e de exercício.

Directrizes para uma corrida segura

Se tem hipertensão não grave e controlada, a corrida pode ser uma excelente forma de melhorar a sua saúde cardiovascular, desde que tome algumas precauções. Seguem-se algumas recomendações baseadas em provas científicas:

Consulte o seu médico

Antes de iniciar qualquer programa de exercício, é crucial falar com o seu médico, especialmente se tiver tensão arterial elevada ou qualquer outra condição médica.

Comece com um aquecimento adequado

Um estudo publicado no Journal of Sports Sciences sugere que um aquecimento adequado pode preparar o seu sistema cardiovascular para o exercício, o que pode ser especialmente importante para pessoas com hipertensão.

Rolamento ligeiro vs. séries

Embora o exercício aeróbico moderado, como o rolamento suave, tenha demonstrado ser eficaz na redução da pressão arterial em estudos publicados em revistas como a Hypertension, o treino intervalado de alta intensidadeHIIT) também demonstrou benefícios. No entanto, HIIT pode ser mais arriscado se tiver hipertensão, por isso é melhor começar com corridas mais calmas e consultar o seu médico antes de incorporar séries ou sprints.

Duração do exercício

Uma meta-análise publicada no British Journal of Sports Medicine sugere que as sessões de exercício com uma duração mínima de 30 minutos são eficazes na redução da pressão arterial. No entanto, a duração ideal pode variar de pessoa para pessoa.

Utilização de um monitor de ritmo cardíaco

O uso de um monitor de frequência cardíaca pode ser uma excelente forma de monitorizar o seu esforço e de se certificar de que não está a exceder os limites recomendados. Um estudo publicado no Journal of Human Hypertension mostrou que manter-se dentro de um intervalo de frequência cardíaca alvo pode ser benéfico para pessoas com hipertensão.

Ouça o seu corpo

Se sentir sintomas como tonturas, falta de ar excessiva ou dores no peito, pare imediatamente o exercício e consulte um médico.

Controlo médico regular

Depois de estabelecer uma rotina, é vital continuar a fazer exames médicos regulares para monitorizar a sua tensão arterial e ajustar o seu plano de tratamento conforme necessário.

Os dados científicos sugerem que a corrida pode ser uma atividade segura para as pessoas com hipertensão, desde que sejam tomadas as precauções necessárias. A consulta médica e uma abordagem personalizada são fundamentais para garantir que a corrida é benéfica para a sua saúde cardiovascular.

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