Várias semanas após a publicação do Relatório Runómetro 2019, continuamos a analisar os dados fornecidos sobre o perfil e os hábitos das mulheres corredoras em Espanha.
Um dos dados mais impressionantes foi que muitas mulheres que praticam corrida o fazem para limpar a cabeça e, assim, eliminar os sintomas do estresse diário. Por todas estas razões, este post tem como objetivo falar sobre o exercício físico (no nosso caso, running) e o efeito positivo que tem na prevenção do desenvolvimento de problemas de ansiedade e depressão, entre outros.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é uma doença caracterizada por um humor negativo, sentimentos de culpa, sono deficiente ou não repouso adequado, diminuição do apetite, da energia e um longo etc.
Embora o tratamento desta sintomatologia continue a ser farmacológico em muitos casos, estudos têm sugerido o exercício físico como um bom coadjuvante no tratamento desta doença (Möller e Henkel, 2005).
Existe a hipótese da endorfina, que é algo que não sabemos exatamente o que é, mas que toda a gente já ouviu falar. Antes de mais, vamos consultar Andrea Corrales Pardo, doutora em fisiologia e psicologia, para explicar a relação entre as endorfinas, o exercício e essa sensação de bem-estar que nos invade depois de um bom treino.
O que são as endorfinas?
São um opióide que geramos durante um exercício exigente, uma grande excitação ou quando sofremos dores. O objetivo deste opióide é produzir uma certa analgesia e uma sensação de bem-estar.
"Com isto não queremos dizer que fazer exercício até à exaustão o vai tornar mais feliz, mas que a secreção destas endorfinas vai alterar parcialmente o seu estado de espírito para uma sensação de prazer e bem-estar", diz Andrea Corrales. Um estudo realizado com participantes em corridas de longa distância (que treinam mais de 4 horas por semana) demonstrou que, após completarem o treino, o seu humor melhorou significativamente (Boecker et al., 2008).
Uma das possíveis causas desta sensação de bem-estar pode ser um tipo de opióide endógeno chamado ?-endorfina, cujos níveis aumentam durante o exercício físico, reduzindo os sintomas de ansiedade e depressão. Portanto, e de acordo com esta hipótese, é normal que depois de fazermos o nosso exercício diário nos sintamos muito melhor. Se a isto juntarmos o facto de que a sensação de prazer reforça positivamente a prática desportiva, isto significa que é mais provável que repitamos este comportamento de forma a procurar novamente essa recompensa prazerosa.
O exercício físico é considerado um polipílula devido ao seu vasto leque de melhorias na saúde física e psicológica da pessoa que o pratica, mas quanto é que tenho de fazer para obter estes benefícios?
Uma prática de 5 dias de exercício aeróbico por semana durante 8 semanas demonstrou ser mais eficaz na redução dos sintomas depressivos do que um único dia de exercício (Legrand e Heuze, 2007). Por sua vez, a intensidade pode ser fundamental na libertação de ?-endorfinas, de tal forma que uma maior intensidade resulta numa maior libertação (Dunn et al., 2002). Assim, e tendo em conta este estudo, podemos dizer que seria necessário ter em conta tanto o número de dias como a intensidade para beneficiar da diminuição dos sintomas depressivos e de ansiedade.
Se, para além do referido anteriormente, treinar com outras pessoas, os benefícios do exercício podem ser substancialmente aumentados. "Correr com os amigos não só o distrai das preocupações do dia a dia, como este apoio e interação social também faz com que liberte uma neuro-hormona chamada oxitocina, que é capaz de o proteger e reduzir alguns dos efeitos negativos do stress no organismo (Uvnas-Moberg e Petersson, 2005)", afirma este doutor em fisiologia.
Então, de que está à espera, calce os seus sapatilhas, chame os seus amigos, vá correr e desfrute da prática e do sabor bioquímico que o treino e a partilha do tempo e do passatempo com outras pessoas deixam no seu corpo.