Anemia: Sintomas e tratamento em corredores e triatletas

Publicado em 14-11-2015

Neste artigo vamos abordar um tema que está muito em voga na nutrição desportiva, além de ser uma questão atual entre muitos corredores. Por este motivo, ao longo deste texto iremos abordar os sintomas e o tratamento da anemia nos corredores.

Veremos o que é e como se produz, assim como os possíveis tipos de anemia que existem. Desta forma, poderemos remediá-la através do tratamento e continuar com a prevenção para evitar recaídas desnecessárias.

Desta forma, abordamos todas as secções de alguma importância para que os nossos leitores estejam a par das últimas novidades sobre como evitar, prevenir e tratar a anemia do corredor para melhorar o nosso rendimento e desfrutar desta maravilhosa disciplina desportiva.

O que é a anemia do corredor?

Quando estamos fisicamente activos, a necessidade de ferro aumenta, uma vez que temos de transportar oxigénio para todas as células do nosso corpo com maior frequência e, por conseguinte, o seu transporte é muito mais necessário. Isto obriga-nos a ter uma quantidade suficiente de hemoglobina para este transporte.

A falta de ferro reduz a quantidade de hemoglobina (uma proteína cuja missão é transportar o oxigénio) e, por conseguinte, a dificuldade de oxigenação das nossas células.

Desta forma, é chave e fundamental realizar uma análise ao sangue para saber se a anemia está presente no nosso organismo e poder atacá-la e resolvê-la através de um tratamento correto.

Tipos de anemia

Anemia por deficiência de ferro.

Esta anemia consiste na anemia explicada na secção anterior. Ou seja, uma diminuição dos glóbulos vermelhos e da hemoglobina, para além de uma diminuição do ferro com todos os aspectos negativos no rendimento desportivo que isso implica. Os estudos sobre este tema dizem-nos que cerca de 4% dos homens e mulheres após a menopausa sofrem desta doença e 10% das mulheres férteis.

A falsa anemia dos corredores

Os glóbulos vermelhos e a hemoglobina do sangue estão mais diluídos devido ao aumento do fluido sanguíneo e a concentração de hemoglobina diminui (razão pela qual os sintomas são muito semelhantes aos da anemia por deficiência de ferro). No entanto, o transporte de oxigénio é garantido sem qualquer problema, pelo que não podemos chamar-lhe anemia. É o caso de muitos running.

Existem ainda outros tipos de anemia, como a anemia por carência de vitaminas (B12), a anemia falciforme (hereditária), a anemia hemolítica (destruição dos glóbulos vermelhos) e a anemia devida a perdas de sangue (menstruação,...).

Porque é que ocorrem? Causas e sintomas.

Nesta secção vamos analisar as diferentes causas da anemia nos corredores, bem como nomear e explicar os sintomas que podemos ter, alertando-nos assim para a possibilidade de deficiência de ferro e, portanto, reduzir o nosso desempenho desportivo.

Causas

As causas são múltiplas:

  • De acordo com o artigo; "Anemia ferropénica en el deporte e intervenciones dietético-nutricionales preventivas" de Urdampilleta. A., Martínez-Sanz. J., Mielgo-Ayuso. J. (2013) diz-nos que a deficiência de ferro nos corredores é um aumento da destruição dos nossos glóbulos vermelhos com a prática desportiva intensa e mantida ao longo do tempo (os desportos de longa duração como a corrida estão nesta situação). Mas, por outro lado, outros estudos dizem que uma atividade física bem planeada indica um aumento da produção de glóbulos vermelhos que também deve ser tido em conta.
  • Obviamente, as carências de ferro e de ácido fólico (conhecidas nos controlos analíticos).
  • Outra das causas mais importantes propostas por diferentes autores são as perdas gastrointestinais relacionadas com as úlceras gástricas.
  • A toma de quantidades abundantes de ácido acetilsalicílico (aumento das hemorragias) e de anti-inflamatórios.
  • Nas mulheres, a anemia devida a uma menstruação abundante (perdas de sangue) é mais frequente.
  • Transpiração excessiva (eliminação do ferro através do suor).
    Alimentação inadequada, por exemplo, algumas dietas vegetarianas e dietas muito desequilibradas com deficiência de ferro (falta de vitaminas e minerais).
  • Condições genéticas

Os sintomas

Para além das causas, são muitos os sintomas que podem ocorrer. Vamos ver alguns deles para que o corredor possa ter em conta e assim saber como atuar e resolver este problema.

Os sintomas podem ser:

  • Fadiga, fraqueza, diminuição do rendimento, aumento da frequência cardíaca, habitual, ou seja, cansaço geral devido à falta de oxigenação das nossas células.
  • Dores de cabeça e dores no peito, bem como, nalguns casos, tonturas devido à fraqueza acima referida.
  • No que respeita aos sintomas nutricionais, verifica-se uma falta ou perda de apetite.
  • Dificuldade em adormecer com a consequente falta de descanso e falta de energia para poder treinar corretamente.

Recuperação da anemia

Para recuperar da anemia, vamos analisar os alimentos mais necessários e veremos que é muito importante seguir uma dieta equilibrada. Além de reduzir e reorientar o planeamento individualizado de cada desportista com anemia.

Prevenção e tratamento. Alimentação

Abordaremos este ponto centrando-nos principalmente nos alimentos que ingerimos diariamente e sabendo que, em certos casos, a suplementação com ferro é imprescindível e necessária para evitar esta condição patológica.

Sabendo isto, podemos distinguir 2 tipos de ferro na alimentação:

  • Ferro heme: Este está presente nos alimentos de origem animal (peixe, ovos, carne, vísceras de animais). Se tivéssemos de escolher os alimentos mais ricos neste tipo de ferro, seriam os diferentes moluscos (amêijoas e berbigões, bem como o fígado animal).
  • Ferro não-heme: Este nutriente está presente nos alimentos de origem vegetal, aqui incluiríamos os frutos secos e as leguminosas como os melhores; lentilhas, grão-de-bico, feijão branco. Outras opções muito boas são a soja, a levedura de cerveja e as algas spirulina.

Também sabemos que o ferro animal é absorvido a uma taxa mais elevada do que o ferro vegetal, e quando os alimentos com ferro heme e não heme são misturados na mesma ingestão, complementam-se completamente.

É muito importante que, para além da ingestão de alimentos ricos em ferro, sejam ingeridas vitaminas e minerais para que o ferro seja absorvido no sistema digestivo; a mais importante é a vitamina C (kiwi, laranja, limão, tangerina, romã, morangos, pimentos, tomate). O ácido fólico (leguminosas, abacate, laranja, espargos) e a vitamina B12 (carne, ovos) estão envolvidos na formação das células sanguíneas e são também necessários para a formação das células sanguíneas.

No entanto, existem alguns alimentos que devem ser evitados juntamente com alimentos ricos em ferro, pois dificultam a sua absorção: Leite, cacau, cereais, vários produtos ricos em cálcio, chá e café.

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Conclusões

Em jeito de conclusão, na Rend & Prev quisemos abordar este tema, uma vez que está muito presente na nossa vida desportiva, para sabermos como lidar com este problema de forma coerente e adequada, para uma recuperação rápida e precoce.

E, por fim, acreditamos que, para além de ter em conta todos os conselhos que vos damos através da Rend&Prev, é importante que tenham sempre a opinião de um profissional, pois cada atleta é diferente e tem as suas próprias características. Desta forma, poderemos realizar um trabalho multidisciplinar (conselheiro nutricional, médico desportivo, preparador físico, treinador,...), ideal para um trabalho preventivo, bem como um tratamento totalmente individualizado e específico, que são a base de um trabalho eficaz.

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